Mais um dia em que o coração aperta!! As pernas ficam bambas e as mãos tremem como nunca!!
Sempre que o Guga realiza algum exame de ordem neurológica, o mundo desaba!!
E hoje o mundo desabou... porque o resultado, agora, confirma as lesões que aparecem na Ressonância Magnética.
Quando cheguei a casa, o meu pai perguntou-me: Porque estás assim? Estavas à espera de um milagre? No sentido de me chamar à realidade!! No sentido de não me iludir com as palavras positivas que vou ouvindo de alguns médicos!! Mas...embora não lhe tenha respondido, sinto que o meu coração está, sempre esteve e estará à espera de um milagre!! Como o de todos nós!! Inclusivé o do meu pai!
O Gonçalo nasceu no dia 26 de Novembro de 2009, no Hospital de São Sebastião em Santa Maria da Feira, em morte aparente.
Necessitou de manobras de reanimação durante vinte minutos e de cuidados intensivos durante 18 dias.
Só ao fim de 25 dias pudémos trazer o nosso bebé para casa!
Foram dias muito difíceis! De muito sofrimento, de muita dor... Mas em nenhum desses dias deixámos de acreditar na força do nosso príncipe, que vinte minutos após o seu nascimento, demonstrou ser capaz de contrariar aquilo que mais ninguém pode contrariar!!
E foi nesse momento que guardou a primeira pedra do seu castelo...
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo…
(Fernando Pessoa)
É verdade, filhota!
ResponderEliminarMas o "milagre" que eu espero não é o de não haver lesões... O milagre, que todos esperamos, é que essas lesões, que são graves, não interfiram muito na qualidade de vida e na autonomia do nosso Guga.Todo o trabalho dos técnicos que nos vão ajudar a fazer surgir "esse milagre", complementado pelo "amor" e carinho que tu, o Ricardo e toda a família e amigos nutrem pelo Guga, terá de ser no sentido de aumentar as ramificações do neurónios que não morreram na zona cerebral onde o nosso herói foi atingido... E o que, até agora, temos visto, com toda a certeza, é que isso está a acontecer!
Olá, olá
ResponderEliminarO grande milagre é dia a dia, não desistir, continuar a lutar, a ter coragem, para que os nossos meninos possam maximizar todas as suas potencialidades, para que se possam tornar, cada vez mais, autónomos e funcionais.
Eu sei que é dificil, nesta altura, aceitar a possibilidade do Gonçalo ter algumas limitações.
O Afonsinho tem três anos e eu ainda não aceito, vou aceitando.
Costumo dizer que vivo um dia de cada vez, tiro o maior proveito possivel de todos os momentos felizes e tento aprender com os menos positivos.
Nem sempre é fácil mas, já foi bem mais dificil.
Não penso no futuro, não penso no que o Afonsinho pode ou não conseguir fazer, dirijo todas as minhas forças, para pensamentos optimistas que não deixam de ser, no entanto, realistas.
Neste momento, tenho um menino que evidencia graves problemas motores e por isso trabalho, trabalho muito e dou-lhe todo o mimo e todo o amor do MUNDO...
Também me desespero mas, já aprendi que apesar dos resultados da RM e dos diagnósticos, há sempre mais para fazer, para ir mais longe.
O mais importante é sermos verdadeiras connosco próprias, não mentir-mos a nós próprias, aceitar as limitações à medida que elas vão sendo visiveis.
Porquê perder o sono, a tranquilidade a imaginar que o Afonsinho não vai andar? Não vale a pena, o que vale a pena é trabalhar para que não hajam assimetrias, encurtamentos, deformidades, preparar "o corpo", para ter condições para responder às ordens cerebrais, se e quando elas foram possiveis.
Intervir de forma positiva e atempada, para prevenir e melhorar as suas aquisições e as suas competências.
Dou-te um exemplo, neste momento o Afonsinho apresenta um enorme desenvolvimento cognitivo e quer, desesperadamente, falar mas tem imensas dificuldades para emitir o som.
Tomámos a iniciativa, falámos com a terapeuta da fala, ouvimos sugestão de comunicação aumentativa para promover a oralidade, procurámos ajuda, conselhos e apoio junto de todos os que acompanham o Afonsinho.
A resposta que ouvi, foi um choque mas, agora que já percebi o que é comunicação aumentativa, estou preparada para ir para a luta, cheia de força e coragem, para fazer mais e melhor por ele.
Aqui fica, um enorme testamento mas, como costumo dizer: falo muito, logo escrevo muito.
Muitos beijinhos
Olá Dina,
ResponderEliminarAdmiro a forma como consegues encarar as coisas!! Eu quero, desesperadamente, pensar assim também!! Mas não consigo! O que é uma frustração ainda maior. Todos os dias relembro o que me foi dito!! E pergunto: como será o futuro do meu Guga? Tenho MEDO, muito MEDO!
Porque é que isto nos aconteceu? Uma vez responderam-me a esta questão com a seguinte afirmação: "Deus dá responsabilidades a quem as pode suportar!" . Ok! Sou forte!! Sei que no que depender de mim nada deixará de ser feito!! Mas será o suficiente?
Sabes... sempre tive um sonho... viver no Alentejo, numa casa térrea, com um pomar de limoeiros em frente ao alpendre do meu quarto... e acordar de manhã, abrir as portadas, afastar as cortinas brancas e ver os meus filhos correrem descalços por entre as árvores. Não falo só do Guga e da Magui. Falo da "Ana Carolina" e de outro menino para o qual nunca escolhi o nome.
Ter outros dois filhos, não sei se me será impossível!! Mas ver o Guga correr...
Beijinhos
(não consigo escrever mais... desculpa o desabafo)
Ana