E tem uma pessoa que ouvir este tipo de coisas...

Como é de prever, fomos com o Guga a outra consulta, à procura de novos caminhos e de outras opiniões.
Não vou dizer qual é a especialidade, por dois motivos, primeiro porque quem está minimamente por dentro das nossas rotinas, ficaria a saber, de forma "escancarada", a quem me refiro e não é o que pretendo. Em segundo lugar, porque se tivesse que atribuir um nome à especialidade...seria um nome muito feio!!
No entanto não posso deixar de criticar a insensibilidade da pessoa que nos atendeu, que infelizmente, é mais uma a quem a experiência não ensinou nada, muito menos a "medir" palavras!

A sessão iniciou com o seguinte comentário: "Oh! O que faz um bebé tão pequenino na minha sala? É uma paralisia cerebral, certo? Que pena!!. Quando vos vi na sala de espera, pensei: Deus queira que este estrabismo e esta flacidez não sejam para mim! Porque sempre seria melhor, pois assim o bebé não estaria mal, não é?"
Confesso que naquela hora a minha vontade era mandar a senhora para outro sítio!! Mas dei-lhe um desconto, pensando que a situação ficaria por ali!! É certo!! ENGANEI-ME!!!

Como se não bastasse, a meio do questionário da anamnese, questionou-me relativamente à minha profissão: "Educadora de Infância", disse eu! E ouvi: "Chiça!! Ainda por cima!! Ainda é mais difícil".
É verdade...é real, e para quem me conhece, continuei impávida e serena!! Por incrível que pareça.

Quando percebeu que tinhamos outro filho, a sua afirmação foi incrédula: "Ah!! Então têm outro filho!! Que bom!! Assim sempre sabem o que é ter um filho normal!".  Pois sabemos sim senhora!! E ainda bem que temos consciência daquilo que temos e do que somos...já a senhora...

E porque veio à baila, falámos de estimulação precoce e de um programa, que na minha opinião não é "grande espiga", mas que, segundo a sua experiência pessoal fez da sua filha um ÁS. Uma menina precoce, inteligentíssima (e ainda bem, fico muito contente, sempre não sai à mãe), a melhor da Escola, etc...etc...etc... Tudo aquilo que uma mãe pode desejar num filho em termos cognitivos!!
Nada contra!! Mas para quem, no momento, tem um filho no colo cujo seu futuro é uma incógnita, inclusivamente no que diz respeito à parte cognitiva (embora as coisas pareçam estar no seu melhor) não é fácil!!  Custa muito ouvir!! Aliás esse tipo de afirmações/comparações estão muito longe daquilo que precisávamos ouvir!

Enfim... é verdade... O MEU FILHO TEM PARALISIA CEREBRAL, e depois??

É como diz o tio Rui: "Há muita gente 100% e que não vale nada"