O Gonçalo nasceu no dia 26 de Novembro de 2009, no Hospital de São Sebastião em Santa Maria da Feira, em morte aparente.



Necessitou de manobras de reanimação durante vinte minutos e de cuidados intensivos durante 18 dias.



Só ao fim de 25 dias pudémos trazer o nosso bebé para casa!



Foram dias muito difíceis! De muito sofrimento, de muita dor... Mas em nenhum desses dias deixámos de acreditar na força do nosso príncipe, que vinte minutos após o seu nascimento, demonstrou ser capaz de contrariar aquilo que mais ninguém pode contrariar!!




E foi nesse momento que guardou a primeira pedra do seu castelo...







Pedras no caminho?

Guardo todas, um dia vou construir um castelo…


(Fernando Pessoa)

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Junta Médica!!

Finalmente fomos com o Guga à Junta Médica, no entanto as coisas não correram como esperava!!

Não sei bem porquê? Se será Karma ou não? Mas efectivamente eu devo ter um íman, ou algo do género, que atrai gente incompetente e com uma tremenda falta de profissionalismo!!

Quando entrámos no consultório deparámo-nos com 5 médicas!
Bem...naquela hora pensei: "Chiça!! Tanta gente para quê??".

Mas depressa tive resposta à minha questão! Ou seja, tanta gente... PARA NADA!!!

A Junta Médica durou 5 minutos (não mais do que isso) e em momento algum o Gonçalo foi avaliado!!

As 5 Doutoras supostamente habilitadas a fazer uma avaliação física, de acordo com diferentes critérios e parâmetros de avaliação, que posteriormente (e só assim) possibilitam a atribuição de um grau de incapacidade...NUNCA, mas NUNCA, pegaram no Gonçalo para o avaliar!!

Limitaram-se a olhar para os relatórios do Guga. Não só com o intuito de ficarem com uma ligeira impressão acerca do que lá estava escrito, mas também (e a mim pareceu-me que o interesse principal foi este) verificar se os relatórios foram efectuados há menos de 6 meses.  Ou não estivéssemos nós em Portugal, onde tudo o que existe para além de burocracia não interessa!!

Portanto, após uma "leitura rápida" e bem diagonal!! Colocaram algumas questões:

- A hemiparésia direita já desapareceu, não já? Daqui (entenda-se a cadeira onde estava sentada) parece que sim!!
- Ele já controla os esfíncteres?
- Ele parece ser...humm... todo ele hipotónico, certo?
- Ele percebe tudo, não percebe?
- Ele tem 16 meses, certo?
- O que dizem os terapeutas e os médicos que o acompanham?
...

Bem...
Respondi a todas estas questões (e mais algumas) com muita indignidade! E a outras com uma tremenda vontade de rir...tal não era o "circo montado à nossa volta"!!

Porque efectivamente não queria acreditar no tipo de questões e na forma como me estavam a ser colocadas.
Foi surreal!!

E apesar de me sentir incrédula com toda a situação, nunca...mas nunca pensei que a Junta Médica terminasse logo a seguir...por isso me mantive calada!! À espera do passo seguinte!

Sempre pensei, muito sinceramente, que depois de tudo aquilo (que não sou capaz de denominar) se efectuasse aquilo para o qual o Gonçalo foi convocado!!! Ou seja, uma AVALIAÇÃO!!

Curiosamente logo após lhes dizer que o diagnóstico do Gonçalinho é uma Distonia, ficaram a olhar para mim com uma expressão de espanto, como se quisessem perguntar: "Tem o quê??"

E logo a seguir, como se estivessem na defensiva, afirmaram: "Bem!! Nós vamos avaliar e depois o relatório segue para casa, num prazo de 15 dias"!!


Fiquei sem palavras...
Como é, infelizmente,  habitual neste tipo de situações!!
Depois quando cheguei cá fora pensei em tudo aquilo que deveria ter dito...mas pronto!!
Neste tipo de situações, algo me "come a língua"!!


No entanto, antes de sair pedi especial atenção para aquilo que solicitámos...

Mas sem sucesso...
"O clube dos 5" voltou a afirmar que não podia adiantar nada, porque ainda ia ser efectuada uma avaliação!!

Mas avaliar o quê?? Pergunto eu?
Se avaliam os relatórios, qual é o interesse de exigirem a presença da pessoa a ser avaliada??
Sendo assim, não seria mais fácil, enviar tudo pelo correio?
Talvez, dessa forma, não fossem necessárias 5 pessoas... e assim pouparíamos alguns trocos aos bolsos do estado...o que é bem preciso!!

Não vá o SR. ESTADO falir e deixar de nos conseguir proporcionar a PRECIOSA ajuda (por termos um filho com necessidades educativas especiais) de 54 euros por mês!!

Se não fosse este subsídio não sei como faria para pagar terapias, consultas, deslocações, ajudas técnicas e...atestados de incapacidade!!!

6 comentários:

  1. Os franceses chamam isso de "Esprit d’escalier". Aquela sensação desagradável que nós temos quando só conseguimos pensar numa boa resposta pra algo depois que a situação já acabou e não vamos mais poder dar resposta nenhuma. Detesto quando acontece.

    Bem. A burocracia não é algo que atormenta só Portugal. Aqui no Brasil a coisa é tão ruim ou pior.

    Quanto ao benefício, 54 euros até que é um bom negócio.

    Aqui no Brasil pessoas deficientes só recebem algum auxílio do governo se a família tiver uma renda inferior a 1 salário mínimo para 4 pessoas.

    Quer saber quanto é isso? Bem... O salário mínimo aqui no Brasil é R$545. Isso equivale a 222 euros. Ou seja, para receber qualquer benefício aqui no Brasil, uma pessoa deficiente precisa ser parte de uma família em que cada pessoa receba MENSALMENTE R$136 (55,5 euros) no máximo.

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  2. Olha Ana, comigo aconteceu exactamente o mesmo. Também me passei. É este o pais de treta que temos. A mim nem perguntas fizeram. Recebi passado uma semana o atestado com 95% de incapacidade. Cai-me tudo em cima nessa altura mas uma amiga disse-me e com razão: os nossos filhos não são numeros! é bem verdade. Para aqueles médicos parolos a Maria tem 5% de capacidades, para mim tem muito muito mais. Beijinhos

    Alexandra Pereira (Blog: http://maria-umserespecial.blogspot.com/ )

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  3. Olá ana.
    A minha junta nem teve tantas perguntas. Alias, se bem me lembro a única pergunta que me lembro é se sabia que tinha que lá voltar 7 anos depois! Faltei ao funeral do meu sogro para isso em que estive 2h na sala de espera e 5m na junta.
    A única compensação (dessa avaliação bera e da elevada perçentagem de incapacidade) é que deu para comprar o carro com grd desconto!!
    Bj grd e nao "esmoreças", isto faz parte do pais em que vivemos...

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  4. Olá Ana…

    Infelizmente são muitas as situações iguais ou idênticas á tua no nosso País.
    As Juntas Médicas e a maioria dos profissionais que lá trabalham quanto a mim, não têm noção sequer da realidade das pessoas, limitam-se a ler relatórios e na maioria das vezes julgam as pessoas sem sequer perderem tempo a conhece-las e às suas realidades.
    Deixam de ser médicos e tornam-se administrativos a meu ver.
    Acho que este país vive de papéis e não de trabalho e acções no terreno, junto das pessoas que nunca mas nunca devem ser tratadas como meros números ou estatísticas.

    Mas não deixes que este tipo de coisas te afecte Ana… acredito que custe muito pois só quem passa sabe, “mas o que não nos mata… só nos fortalece”.

    Muitos beijinhos e muita força…

    Tânia Silva

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  5. Ola querida...adorei seu blog e me vi nesse post.....é p acabar né....

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  6. Olá Ana,
    Parabens pelos seus desabafos.
    Se todas as maes de crianças especiais fossem iguais a vc ,talvez teriamos mais atenção de nossos governos. Como disse nossa amiga Elisa, aqui no Brasil, tambem é muito dificil tudo,e nem se fale na humilhação que passamos ao requerer esse tal BENEFICIO que temos DIREITO.
    Beijos continue assim e Parabens.

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