O Gonçalo nasceu no dia 26 de Novembro de 2009, no Hospital de São Sebastião em Santa Maria da Feira, em morte aparente.



Necessitou de manobras de reanimação durante vinte minutos e de cuidados intensivos durante 18 dias.



Só ao fim de 25 dias pudémos trazer o nosso bebé para casa!



Foram dias muito difíceis! De muito sofrimento, de muita dor... Mas em nenhum desses dias deixámos de acreditar na força do nosso príncipe, que vinte minutos após o seu nascimento, demonstrou ser capaz de contrariar aquilo que mais ninguém pode contrariar!!




E foi nesse momento que guardou a primeira pedra do seu castelo...







Pedras no caminho?

Guardo todas, um dia vou construir um castelo…


(Fernando Pessoa)

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Caixinha de SE´s...

E se...

...em vez de parto eutócico, tivessem feito uma cesariana? Não seria mais sensato?? Até porque o meu obstetra a meados da minha gravidez referiu que o Gonçalo era gorducho e que se fosse um bebé para quatro kilos, o parto poderia ser complicado e nestes casos optariam por uma cesariana.
Sendo assim, na consulta das 38 semanas, efectuada no Hospital, coloquei essa questão e tranquilizaram-me, afirmando que às 40 semanas o Gonçalo teria aproximadamente 3500kg, sendo um bebé de percentil 50. O que é certo é que o Gonçalo nasceu com 4300kg e eu não aumentei de peso nessas últimas semanas!!

... a indução do parto tivesse sido feita uma semana antes? Seria o Gonçalo tão grande e pesado?

... as enfermeiras parteiras em vez de me mandarem virar as "perninhas" para o lado , recomendando-me que quando tivesse vontade de puxar não o fizesse, tivessem ficado comigo em vez de irem ajudar a nascer dois bebés!! Porque, conforme referiram, o serviço naquele dia parecia noite de mudança de lua;

... não me tivesse sido administrada mais uma dose da epidural! Talvez tivesse mais sensibilidade, apesar da dor, e conseguisse puxar com mais eficácia!!

... e se o parto não tivesse sido induzido? Uma vez que o colo estava muito "verde"??

... e se o obstetra que me acompanhou estivesse presente, a equipa teria tomado as mesmas decisões?? Julgo que não!!

... e se tivesse caminhado três horas por dia em vez de duas??

... e se tivesse optado (tal como o meu coração mandava) por ter o Gonçalo numa clínica privada com cesariana marcada??

... e se tivesse sido outra equipa a fazer o parto? Teriam insistido no parto eutócico ou teriam-me encaminhado para o bloco operatório? Porque a equipa que me acompanhou a dada altura começou a questionar-me acerca do peso da minha primeira filha o que me leva a crer que se aperceberam que o parto ia ser complicado, conforme pude constatar na troca de olhares entre as enfermeiras. Mas uma delas afirmou: "Ele vai nascer e vai ser agora!! E não vai ser preciso usar Forceps, nem ventosa!! Faça força menina!!

... e se ... e se... e se...


PORQUÊ??

Porquê a mim?? Porquê a nós!! Porquê ele e não eu??

Haverá culpa?? E se houver, é de quem?? Seja lá de quem for... e se houver alguém... esse alguém viverá com ela até ao fim dos seus dias... porque não deve ser fácil viver, sabendo que se prejudicou uma criança!! Uma vida!!

"É triste passar pela vida causando problemas a outras pessoas e ao ambiente." [ Dalai Lama ]

3 comentários:

  1. Pois e! Nestes casos, para que a mãe possa ter saúde mental, os "Se" têm mesmo de ficar numa caixinha... Mas a culpa não pode morrer solteira... E não é apenas uma vida que esses "incompetentes" estragam quando cometem erros tão grosseiros. São muitas as vidas que giram à volta duma criança que nasce!
    Mas, pelo que aqui se vê, o vosso Guga há-de contrariar tudo o que de mal tal negligência lhe poderia acarretar.

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  2. Olá PAIS e Olá Gonçalo!
    Não vos conheço pessoalmente mas é como se os conhecesse há anos.
    Acompanhei essa gravidez talvez a partir do quarto ou quinto mês e, quando se aproximava o nascimento, todos os dias eu perguntava por novidades.
    Quando nasceu o Guga, uma nuvem muito cinzenta e baixa ensombrou o dia que iria ficar para sempre marcado nas vidas dessa família.
    O meu filho (era através dele que eu sabia), que também estava para ser pai, ligou-me muito preocupado e com a voz embargada a dizer que algo se devia estar a passar, algo que não sabia dizer mas que de todo vocês, pais, mereciam.
    Lembro-me de lhe dizer que tudo iria correr bem e que as crianças são muito fortes, e que há casos extraordinários de "autênticos milagres".
    Essa foi a minha convicção e é ainda hoje a minha fé.
    Sou mãe de dois filhos maravilhosos, com dois partos muito difíceis. O primeiro foi uma maratona de quatro horas na sala de partos e em que, quer eu quer a minha filha corremos riscos desnecessários.
    O segundo foi ainda pior porque depois de um dia inteiro a sofrer e em que até uma paragem cardíaca tive, foi preciso que um médico amigo me visitasse para ordenar a ida imediata para a sala de operações. Nunca o meu filho teria nascido com vida e eu não seria hoje avó.
    Compreendo-vos muito bem, posso avaliar de alguma forma o vosso sofrimento.
    Mas posso também dizer-vos isto:
    Vocês são uns pais MARAVILHOSOS e merecem que o vosso Príncipe cresça feliz e saudável.
    Uma vénia para a vossa família, particularmente para a vossa filha que vos deve encher de Orgulho. Ela é tão ou mais heroína quanto o mano e os pais.
    A minha mensagem é para que nunca percam a esperança e a fé.
    Que nunca percam as forças para continuar essa batalha que vos legaram tão injustamente.
    Que abracem a Vida com a garra que tanto precisam para ultrapassar este obstáculo.
    Que nunca desistam.
    Eu continuarei a seguir o crescimento do Gonçalo, e rezarei para que, um dia que desejo não venha muito longe, tudo isto não passe duma recordação, de um episódio.
    Creiam nisto:
    se tudo correr bem (e há-de correr) e não ficarem resíduos de uma qualquer "virose" no vosso Gonçalo, este sofrimento que hoje vos consome não passará de um "take".
    Quero ainda dar-vos os parabéns pela família linda que têm.
    Continuem a acreditar e a amar.
    O castelo do Gonçalo há-de ser construído e há-de ser um LINDO CASTELO!

    FORÇA!
    CORAGEM!

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  3. Olá Ana,
    Sei que pouco podemos fazer, mas não podia deixar de te dizer que tens uns filhos lindos! O Guga tem muita sorte em ter a família que tem! Tens que acreditar que os milagres acontecem, e tudo vai correr pelo melhor, vais ver...
    O teu principe é maravilhoso e vai ter tudo de bom! O castelo vai ficar fantástico!
    Acredita sempre! Muita Força! conta comigo para o que precisares.
    Bjs grandes
    Cristina Veríssimo

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