O Gonçalo nasceu no dia 26 de Novembro de 2009, no Hospital de São Sebastião em Santa Maria da Feira, em morte aparente.



Necessitou de manobras de reanimação durante vinte minutos e de cuidados intensivos durante 18 dias.



Só ao fim de 25 dias pudémos trazer o nosso bebé para casa!



Foram dias muito difíceis! De muito sofrimento, de muita dor... Mas em nenhum desses dias deixámos de acreditar na força do nosso príncipe, que vinte minutos após o seu nascimento, demonstrou ser capaz de contrariar aquilo que mais ninguém pode contrariar!!




E foi nesse momento que guardou a primeira pedra do seu castelo...







Pedras no caminho?

Guardo todas, um dia vou construir um castelo…


(Fernando Pessoa)

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Cambalhotas da vida

Olá Filhota, minha heroína e mãe coragem.
De 26 de Novembro de 2009 a Fevereiro de 2010 passei dos dias mais tristes e complicados da minha vida. Depois de 35 anos a apoiar e ajudar as mães e familiares de crianças com deficiência, senti, com uma enorme sensação de "injustiça", que outros teriam de nos ajudar e apoiar a nós! A revolta, pela clara negligência de alguém (não interessa quem!) que deveria ter sido mais profissional e a sensação de "impotência" para controlar as "cambalhotas da vida", fizeram-me "chorar" em recolhimento, apesar de sempre ter tentado ser realista contigo e te dar a máxima força das que que ainda me restavam... Em Janeiro, porém, comecei a sentir que "os dados constantes dos exames médicos feitos pelo Guga" (que são, na verdade, assustadores), Nada (mesmo nada!) se manifestam no comportamento do nosso herói... E foi aí, num dia de "choro" por te ver tão triste e abatida, que escrevi (lembrando-me de um poema de Eliot) o que a seguir reproduzo. Acredito muito no que nesse dia escrevi! E acho que o Guga vai ser um VENCEDOR, por muitas cambalhotas que a vida dê...


As cambalhotas da Vida


Tudo em ti era alegria

Quando ontem me falavas

Dos sonhos que em ti havia

Para o filho que esperavas


E hoje é grande a tristeza

No teu rosto estampada,

Nessa postura difusa

Sobre o teu filho curvada


É a tristeza sentida

De uma mãe amargurada.

São cambalhotas da vida:

Do ontem Tudo

Hoje há Nada!


Mas o passado de luz

E o presente que é escuro

Estarão ambos presentes

No nosso tempo futuro


É a esperança da vida:

Que das dores do teu presente,

Por muito que te entristeçam,

Nasça um futuro risonho

Em que teus filhos floresçam.


C.O./10 de Janeiro de 2010




3 comentários:

  1. Obrigada!! Muito obrigada!!
    E nada mais consigo dizer...
    Gosto muito de ti!!
    Beijinhos

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  2. Grande Celso
    Espetacular!!
    Muito obrigado por todo o apoio
    Abraço

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  3. As angústias dos amigos são nossas também, e a força que demonstram são exemplos que gritam. Do constrangimento da pergunta que se impõe, mas que pode obrigar à resposta dolorosa, e por isso tantas vezes evitada, ao blogue da coragem.
    O Gonçalo é um lindo rapaz, e tem uma FAMÍLIA!!!!
    Perdão pela intromissão...abraço à família
    A. G.

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